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    Eu acredito em dias melhores

    Eu sempre digo que não gosto do Natal, mas nunca explico exatamente a razão. Eu me deprimo, fico triste, lembro da infância, sinto falta de quem já se foi, e por aí vai. Mas o quê, de fato, me assusta? Por que eu fico tão angustiado e travado nessa época do ano? 
    Talvez seja medo da felicidade e da paz que esse período traz e das reflexões que o Natal e o Ano Novo proporcionam. Sim, a felicidade assusta. Reunir a família, às vezes, assusta. confraternizar com amigos que a gente deixou de lado durante o ano é igualmente assustador. Refletir sobre os próprios erros e admiti-los, é dolorido. Tornar-se mais afetivo e menos robotizado com as pessoas que convivem com a gente é desafiador para quem se esquiva dos pequenos gestos e se fecha na solidão. 
    É mais fácil levar a vida assim, sem compromisso nenhum com as verdades que este momento do ano nos apresenta. É menos aterrorizante não aprofundar sentimentos e continuar agindo de forma fria e sistemática. É menos doloroso não abrir o coração, usar máscaras, fazer de conta, empurrar todas as decisões com a barriga. 
    Talvez o Natal sempre tenha me assustado pelo fato de eu ter que me encontrar com os meus próprios dilemas, olhar para o próprio umbigo e admitir fragilidades, necessidades e erros. Esta “viagem” interna transforma realmente esse período do ano, pelo menos para mim, em algo muito trabalhoso. Dá trabalho olhar para si. É mais fácil, sempre, culpar os outros. Dá trabalho achar soluções. É mais fácil, sempre, apontar os erros. Dá trabalho pedir desculpas, retomar relações. É mais fácil ser como boa parte das pessoas são: insensíveis. 
    Mas o Natal é renascimento, é retomada. O Natal nos instiga a sermos melhores. O Natal nos abre portas para caminhos mais humanos, para abraços mais sinceros, para palavras mais dóceis, para recomeços. O Natal é assustador, mas eu decidi enfrentá-lo com a toda a coragem que Deus tem me dado para viver cada dia. Este ano, tem sido um ano de superação e aprendizado. Prometi para mim mesmo: vou encarar a tal “magia do Natal” e arranjar menos desculpas para justificar o medo que sempre tive desta época do ano. 
    Estou pronto para recomeçar. Aterrorizante mesmo é não se permitir, é não olhar para si, é não enxergar que logo ali pode estar a tão sonhada felicidade. É como diz aquela música: “Depende de nós...” 
    Eu acredito em dias melhores.

    Alberto Meneguzzi – Jornalista

     
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